28 dezembro 2007

Midnight summer dream


Completamente de acordo, PºG: aproveito para postar aqui ao lado uma versão ao vivo do Midnight summer dream (Feline, 1983), achei piada ao tique do Hugh Cornwell (afinal o Andrew Bird não é o único com um nervous tic motion of the head to the left!) e, claro, ao som do baixo.

27 dezembro 2007

Impressões


Fui hoje, pela primeira vez, à livraria Byblos; confesso que fiquei decepcionada. O espaço é grande - grande demais - e a ideia com se fica (ou melhor, com que eu fiquei) é que há um pouco de tudo, mas de nada em especial. Por exemplo, fui até à estante dos livros em Espanhol, na esperança de encontrar escritores Hispânicos mas, à excepção de Muñoz Molina e mais um ou outro, a maior parte dos livros à venda são traduções dos Portugueses (sobretudo Saramago - who else? - Lídia Jorge e Fernando Pessoa). De Ballester, Almudena Grandes, Maruja Torres, Carmen Posadas ou Rosa Montero (para falar apenas em alguns "best-sellers" contemporâneos), nem vestígios.

Depois, também não percebi porque é que metade da estante de Sociologia está ocupada com livros de Antropologia (e a outra metade com a colecção do Alberoni, enfim...). Valia mais que lhe chamassem Ciências Sociais e pronto, assunto arrumado.

Também há CD's e DVD's que, pela quantidade e tipo de oferta, não ficam muito a dever aos que podemos encontrar no Jumbo ali mais à frente. Por falar em DVD's, temo que uma livraria desta dimensão não sobreviva sem a componente electrónica e de gadgets que caracterizam a oferta da Fnac; teria sido mais inteligente inspirarem-se aí que no amarelo torrado do logotipo.

Last but not least: a localização. Quem é que troca uma ida ao Chiado, com o metro praticamente dentro da Fnac, pela esquina mais deprimente de Campo de Ourique e Amoreiras, onde não se consegue estacionar, não há metro e os autocarros são escassos?

Eu não troco. Antes o Colombo. Ou mesmo o novo Allegro, diz que também tem uma Fnac.

Não havia necessidade


O Embirrante faz hoje três-anos-três.

26 dezembro 2007

Sic(k)


Não sei qual foi o balanço final da "Operação Natal" mas, para a SIC Notícias, o número de mortos e feridos deve ter ficado aquém das expectativas; já todos percebemos que os mortos vendem sempre melhor que os vivos mas, senhores, um pouco mais de contenção talvez não fosse má ideia: estar, hora a hora, a repetir o número de acidentes, de mortos e de feridos – com as inefáveis reportagens em directo – sempre com um ar de "não se vá embora, vamos mostrar mais acidentes já a seguir", convenhamos, serve a quem? Não há mais nada para dizer? Não se passa mais nada em Portugal e no resto do mundo?

E, já agora, não haveria nenhum programa mais interessante para passar na noite de Natal que os encómios da Micas a Salazar?

E o que dizer do facto de Pedro Mourinho (que nunca devia ter saído do Jornalinho) ter apresentado a capa do Público – nomeadamente o título "Cinco chefs reciclam os restos do nosso Natal" – como um artigo muito útil às donas de casa? Terá estado a ver o programa da Micas?

Não fosse o fantástico Mário Crespo com o seu Jornal das Nove e já teria desistido da SIC Notícias há muito tempo.

12 dezembro 2007

Mudança de fornecedor


As notícias aqui ao lado passam a ser fornecidas pela TSF, ficando o Público disponível "apenas" no Quiosque. Temos pena.

P.S. Ainda me senti tentada a usar o RSS do El País, mas depois achei que seria um bocadinho, digamos, demais... a ver se não me arrependo.

10 dezembro 2007

"Words and a piece of paper"


Ainda a propósito deste concerto, deixo aqui ao lado aquele que Hanne Hukkelberg deu em Amsterdão há menos de um mês, por ser em tudo semelhante ao que vi no Lux. Muito cool.

09 dezembro 2007

Cinco (ou seis) filmes


Espero ainda ir a tempo, PºG, de responder ao teu convite para falar dos meus cinco filmes. Escolher só cinco não é fácil, assim que começamos a pensar nos filmes que gostamos somos logo invadidos por uma dezena deles, todos potencialmente listáveis. Mas adiante.

Aquilo que eu gosto mesmo num filme é de uma boa conversa e de personagens com alma; gosto de filmes que não parecem filmes (desprezo completamente os efeitos especiais), que nos devolvem as nossas idiossincrasias, emoções, interrogações e paixões; gosto de filmes com pessoas lá dentro; gosto destes (e de muitos outros também):

Caro Diario, Nanni Moretti, 1993 (para escolher só um dele...).

Tudo sobre mi madre, Pedro Almodôvar, 1999 (idem).

Before sunrise / Before sunset, Richard Linklater, 1995 e 2004.

Lost in Translation, Sofia Copolla, 2003.

Garden State, Zach Braff, 2004.

E, porque se faz tarde, não passo a corrente mas convido quem quiser a deixar aqui as suas escolhas.

03 dezembro 2007

Hoje somos todos Venezuelanos



Fotografia: Reuters

Adenda: Entretanto, o Pasquim do Belmiro - aka Público - apresenta hoje este título:


Depois lêem-se as letras pequenas e percebe-se que, ah!, estão apenas a falar, hoje, de uma previsão relativa ao referendo de ontem. E eu já a pensar que, face à impossibilidade de conhecer o resultado final antes do fecho do jornal (os fusos horários são tramados!), se tinham posto a adivinhá-lo, na esperança de fazer um brilharete nas bancas.

30 novembro 2007

Crónica de um roubo oficial


Ontem fui vítima de um roubo; roubaram-me 250 euros e depois deixaram-me ir à minha vida. Detalhe: o ladrão foi o Estado.

O Estado acha que o meu carro (de 2003) já devia ter ido à inspecção há dois meses. Pois devia. Mas o carro ainda cheira a novo (comprei-o, de serviço, em 2004), está bom e recomenda-se e, mais a mais, inspecção é coisa para os Mercedes dos taxistas (comprados em Portugal há vinte anos e na Alemanha há outros vinte), que emitem CO2 para cima dos clientes, abanam e rangem por todos os lados, tresandam dos bancos e só por milagre não se desfazem a meio do percurso.

Esqueci-me, portanto, que o meu carro afinal não é novo.

O Estado começa por vasculhar todos os documentos e, debalde, dá duas voltas ao carro em busca de mais infracções. Eu vou dizendo que posso ir já directamente para a inspecção (são 9h.00 da manhã, tenho todo o tempo do mundo), que me desculpe a distracção mas, bem vê, o carro está óptimo, não constitui nenhum perigo para a circulação daqui até ao IPO mais próximo. Além do mais, só passaram dois meses, há com certeza um período de nojo.

Não há. O Estado está ali para fazer cumprir a lei e a lei diz que a coima para esta infracção são 250 euros.

250 Euros. 50 contos. As coisas que eu já deixei de comprar por muito menos que isso! Não. O Estado não tem só o dever de fazer cumprir a lei, tem também essoutro que é o de fazer prevenção, de educar o cidadão. E limitar-se a educar pelo castigo não é digno de uma pessoa de bem. O Estado, que sabe tudo sobre os carros de toda a gente e até envia os selos pelo correio, podia, nesse mesmo envio, aproveitar para relembrar o cidadão das suas obrigações enquanto condutor (não vá este andar distraído a pagar a Contribuição Autárquica, a Taxa de Conservação de Esgotos, o IRS, o Seguro do Carro, e... esquecer-se da inspecção).

Mas isso é com a DGV, não tem nada a ver. O Estado está aqui para fazer cumprir a lei e a lei diz que a coima para esta infracção são 250 euros.

Uma coima de 250 euros é um absurdo. É pura extorsão. Só prova que o Estado está muito mais interessado nos lucros obtidos pela perseguição dos cidadãos que pela sua educação. A curto prazo, é mais rentável. E mais fácil. E mais compatível com um Estado do 3º mundo, também.

A lei é para ser cumprida. Portanto, pode pagar os 250 euros já ou então paga só daqui a 15 dias…

(daqui a 15 dias, claro!)

… e o Estado apreende-lhe o carro. É escolher.

Escolho pagar logo, no terminal de Multibanco portátil que o Estado traz consigo. Curioso: o Estado que paga 403 euros de salário mínimo é o mesmo que acha que as pessoas têm, normalmente, 250 euros para dispor em qualquer momento.

O terminal não liga. Deve ser a bateria. Santos, traz a outra bateria. Mas essa bateria estava carregada! Não, não estava, senão tinha ligado. Agora sim. Não há rede, a rede na Baixa é do pior. Não é a rede, o cabo é que está descarnado. Pereira, vai buscar um cabo que este está uma miséria. (o Pereira arrasta-se para lá e depois novamente para cá, agora com um cabo igual, mas em bom). Não será melhor ligar o cabo também ao terminal? Hum. Já funciona, dê-me então o seu cartão. Verde-código-verde.

(silêncio)

Olha, bloqueou. Santos, e agora como é que isto se faz? Experimenta tirar e pôr a bateria. Está na mesma. A senhora vai ter que me dar o cartão outra vez para pagar.

Mas eu já paguei.

Mas isto cancelou.

Eu não vi nada cancelado, vi bloqueado, não é a mesma coisa.

Tem razão, eu devia ter-lhe mostrado o cancelamento… mas ainda não pagou, tem que pagar.

E paguei. No Multibanco ao fundo da rua.

26 novembro 2007

Os livros


A Teka do Apontamentos Sentidos desafiou-me há dias para uma corrente sobre livros (não, Teka, não me tinha esquecido!) e, por isso, aqui estou (acho que pela primeira vez!) para falar de um livro. Antes, porém, duas considerações:

- sempre fui um tanto ou quanto avessa às correntes, muito por culpa daquelas que recebi e que acabavam com o inenarrável "se não enviares isto para 147 pessoas no próximo minuto, sofrerás uma grande desgraça..."; nunca percebi que raio de amigo é capaz de nos sentenciar desgraças imensas só para salvar a própria pele (assim, de repente, só me estou a lembrar daquele amigo que, no Monopólio, nos dá um tiro). Felizmente, não é de uma ameaça que se trata aqui mas de um convite ao prazer de folhear um livro e de partilhar a descoberta das palavras que lá moram;

- pegar no livro mais próximo, quando se vive numa casa pequena, tem a vantagem de nos permitir escolher qualquer um, já que todos os livros estão, inevitavelmente, próximos; portanto, foi isso que fiz: fui abrindo páginas 161 à procura de uma 5ª frase que, fora do contexto, valesse por si.

Comecei pelo Mau tempo no canal, do Vitorino Nemésio, livro que foi e veio de férias comigo marcado exactamente na mesma página - já devia ter aprendido que, em férias urbanas, não sobra tempo para ler! - mas achei que a página 161 não era suficientemente representativa. Depois passei a outro e outro e mais outro, até que cheguei ao A Gloriosa Família, do Pepetela.

O livro conta a história da família Van Dum e passa-se no séc. XVII, em Luanda. Particularidade deliciosa: o narrador é o escravo do Sr. Van Dum, que o segue para todo o lado e vai comentando tudo o que vê e não vê (o que não vê imagina, já que, como ele dirá a certa altura, a única liberdade de um escravo é imaginar).

Abri, então, a página 161 e não resisti a trazer para aqui não uma frase mas um parágrafo inteiro, com uma consideração do escravo (ao longo da história nunca haveremos de saber o seu nome) sobre o adultério:

"Os brancos são mesmo engraçados, de tudo fazem um drama. Se um homem é apanhado em adultério, se desafiam para duelos, têm pelo menos de se ferir, senão o marido enganado deixa de ser considerado homem, é um miserável cão. Complicam enormemente as coisas, dá divórcio, depois é preciso saber com quem ficam os filhos e como vão dividir as propriedades e os bens, enfim, uma trabalheira. (...) Na terra da minha mãe é tudo muito mais fácil, o enganador apanhado em flagrante tem que pagar uma multa, que alguns chamam macoji, e pronto, com a galinha ou o cabrito entregue fica reparado o dano provocado na família. Continuam todos amigos, a paz reina. Se do acto nascer um filho, é pertença da casa onde nasceu, e o pai é evidentemente o marido da mulher. Quem pode mesmo saber se o acto provocou a gravidez? E porquê haveria uma criança de pagar pelo erro dos outros, ficando bastardo como entre os brancos? Depois, eles é que são os civilizados...".

A simplicidade pode ser desarmante. Aliás, tenho para mim que é precisamente por isso - pelo medo de nos sentirmos desarmados - que complicamos tudo.

Pepetela, A Gloriosa Família, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1997 (1ª Ed).

22 novembro 2007

A montanha pariu um rato


Fui ver o concerto de Marilyn Manson como quem vai a uma instalação: sem saber ao que vai mas com vontade de ir, na esperança de ser surpreendido.

Nesse sentido, posso dizer que a surpresa maior foi constatar que o concerto não foi, em si, muito diferente daqueles – maioritariamente pop - a que costumo assistir: muita música, algumas mudanças de roupa e muito pouca encenação (ou melhor, muito menos do que aquilo que se poderia esperar de alguém permanentemente caracterizado e frequentemente associado a acontecimentos menos, digamos, felizes): salvo aparições fugazes de um microfone em forma de punhal, uma bíblia a arder, um ringue de boxe e uma cadeira gigante, o que aconteceu foi sobretudo um concerto de uma banda competente liderada por um tipo com boa voz (outra surpresa).

Na assistência estavam os tugas de sempre, que insistem em bater palmas quando estas a) não são pedidas pela banda e b) não se enquadram na música em questão, e que, mal ouvem a palavra Pórtchugal, desatam a gritar "Portugal-auê" (assumo a minha falta de pachorra para estas – e outras – manifestações de nacionalismo bacoco, temos pena!).

Uma hora e meia depois, e apesar do batalhão de seguranças para um pavilhão meio cheio, saí calmamente a pensar que aquele rapaz de aspecto frágil que manda beijos para a assistência não é O Marilyn Manson. Ou então está apenas mais crescido. É, deve ser isso.

P.S. Ao lado, mObscene, ao som do qual me fartei de dançar.

19 novembro 2007

O "grupúsculo"


Fazia parte de um «grupúsculo». E todos os «grupúsculos» eram, ou diziam-se, de extrema-esquerda. Eu pertencia a uma coisa chamada MAR (Movimento de Acção Revolucionária) - achavam este nome muito bonito - cujo chefe era Jorge Sampaio.

E o que faziam?
Nada.

(Vasco Pulido Valente, em entrevista ao Expresso este fim de semana).

Inverno


Agora que já todos nos recordámos de como é um dia triste e frio de Inverno, podemos voltar ao Verão de S. Martinho (castanhas incluídas), s.f.f.? Obrigada.

04 novembro 2007

É oficial


As férias acabam dentro de 40 minutos. Shit.

12 outubro 2007

Da paz, senhores?!?


Um gaijo que anda pelo mundo a emitir CO2 enquanto vende opiniões catastrofistas e demagógicas sobre o aquecimento global do planeta poderia, quando muito, ser prémio nobel do oportunismo. Ou da hipocrisia. Ou da estupidez. Ou do chico-espertismo (caso fosse Português).

26 setembro 2007

Grande Santana!


Aquilo que acaba de acontecer na Sic Notícias é histórico: convidado a dar a sua opinião sobre as directas no PSD, Santana Lopes foi interrompido - um minuto depois de ter começado a falar - para uma ligação em directo ao aeroporto, para a chegada de Mourinho. Quando a emissão volta para estúdio, ele diz qualquer coisa como se acha que a chegada de um treinador de futebol é mais importante que discutir política e o futuro do país, então eu acho que o país está doido, recuso-me a continuar esta entrevista. E terminou ali.

Grande lição. Excelente. Que venham mais destas, por favor. E em directo, para não haver dúvidas.

Adenda: vídeo aqui.

23 setembro 2007

Soltas


Estive a semana inteira com um post na cabeça sobre o concerto dos Massive Attack mas, por falta de tempo, acabei por não o publicar. Basicamente era para dizer que, embora tenha gostado do dito, ele não me conseguiu aquecer. Suponho que a concepção do concerto seja precisamente essa - qualquer coisa fria, entre os brancos e os azuis e os zeros e uns que passam em rodapé e a voz monotónica (PºG, diz-se monotónica?) de Robert Del Naja - mas pronto, queria ter sentido mais. Manias.

Já agora, aproveito para dizer que Horace Andy continua incontornável no seu timbre de pastor da Serra da Estrela (acreditem-me, sei do que estou a falar!), Liz Fraser esteve fraquinha em Teardrop - mas redimiu-se totalmente em Group Four - e a outra menina cujo nome não sei, embora razoável em Safe from harm, assassinou por completo Unfinished Sympathy - aqueles repuxanços Dionescos no refrão eram completamente escusados -, logo uma das minhas canções preferidas (que saudades de Shara Nelson!).

Na semana seguinte a ter publicado o post anterior - sobre o "caso Maddie" - reparei que uma revista de televisão trazia na capa as mesmas duas fotografias que eu tinha recortado e juntado lado a lado. Outra mad(die) coincidence?

Subi ontem, a pé e na faixa central, a Avenida da Liberdade, para aproveitar o sol e o dia sem carros. De caminho, cruzei-me com Jorge Sampaio, que descia. Hoje li no DN qualquer coisa que o senhor disse, ontem, no Funchal. Hum...

Ainda sobre o dia de ontem, a Baixa encheu-se de gente e os carpideiros do costume - aquele grupelho que dá pelo nome de comerciantes da baixa -tinham, claro, as suas lojas bem gradeadas de alto a baixo, não fosse alguém pensar que poderiam estar a aviar fregueses. Melhor fez a ginginha, que, de portas abertas, despachava copos com ou sem a quem passava. Depois não se venham queixar que a malta - ai e tal! - só gosta de centros comerciais.

P.S. Ao lado, e para compensar (!), Unfinished Sympathy.

14 setembro 2007

Momento TVI



O filme Gone Baby Gone, adaptado de um romance de Dennis Lehane, é a história do desaparecimento de uma criança de quatro anos - interpretada pela actriz Madeline O'Brien, na foto da direita — e da intensa busca dos pais para a encontrar. Mad(die) coincidence?

Adenda: na história, a criança desaparece de um apartamento onde a mãe a deixou sozinha. O filme tem estreia mundial marcada para o próximo mês de Outubro; talvez não fosse má ideia antecipá-la, para ver como é que acaba.

12 setembro 2007

Contra-informação (ii)


Disse num post ali mais abaixo, a 27 de Julho, a propósito do cancelamento do concerto dos Peeping Tom (na primeira parte dos Massive Attack), que ia ver quanto tempo demorava a notícia a chegar a Portugal (atente-se que a dita notícia está disponível no site da banda desde 23 de Julho, para quem a quiser ver).

Pois bem: o Blitz (eu sei que agora é "a", mas prefiro pensar no Blitz quando era um jornal, ou seja, quando era bom) deu a notícia no dia 4 de Setembro (a 13 dias de um concerto que está anunciado há meses), na sequência, dizem, de um comunicado da empresa promotora do concerto (imagino que o comunicado seja do mesmo dia ou, quando muito, do dia anterior).

Ora, que a promotora do concerto esconda deliberadamente uma informação destas para continuar a vender bilhetes (é só ver os comentários à notícia para perceber que muitas das pessoas que compraram bilhete o fizeram para ir ver o Mike Patton), eu, embora não aceite, posso tentar perceber. Agora, que o Blitz a) tenha pactuado com isto ou b) não tenha por hábito, como se vê, estar atento aos sites das bandas para recolher informação - informação sobre música é o seu core business, ou já não é? - já me parece absolutamente lamentável. A ser assim, pergunto-me se vale a pena comprar jornais ou revistas ou lá o que são. Obrigada, mas não.

06 setembro 2007

Ciao!



(Ao lado, Nessun Dorma, da ópera Turandot, de Puccini. Paris, 1998).

04 setembro 2007

O que é bom vê-se de novo*


A propósito de Street Spirit, dos Radiohead, aqui ao lado.


* Título roubado (e adaptado) de um slogan da Radar.

22 agosto 2007

Insert coin


Confrontado com a notícia sobre o financiamento ilícito ao PSD pela Somague, Marques Mendes diz, primeiro, que não sabe de nada e, logo a seguir, que só é presidente do PSD desde 2005 (ou seja, que, haja o que houver, a culpa não é dele). Tendo em conta que Marques Mendes era, na altura do referido financiamento, ministro do governo PSD (de Durão Barroso), só podemos concluir que: se não sabia de nada, é incompetente; se sabia, é mentiroso.

No mesmo dia, Marques Mendes resolve propôr uma série de medidas relativas às PME's que, segundo o próprio presidente do IAPMEI, já se encontram actualmente em vigor. Perante esta evidência, o superior Marques Mendes diz apenas que não responde a funcionários. Ele, o homem sobre quem não se conhece mais nenhuma actividade na vida que não seja a de funcionário do PSD*.

P.S. Entretanto, e ainda no PSD, soube-se
hoje que Luís Filipe Menezes é um mestre do copy+paste. Pobres dos que ainda não perceberam que as chico-espertices na internet duram pouco tempo (e, geralmente, acabam mal!). Ai, ai...

* parece que deu umas aulas na Independente ou lá o que foi, mas, como isso foi apagado da biografia, ficamos assim.

21 agosto 2007

Eternal sunshine of the spotless mind


Um grupo de cientistas israelitas descobriu uma proteína que, além de manter viva a memória, pode também... apagá-la! Aqui.

09 agosto 2007

Não há almoços grátis


Jornal Público, ontem (sem link):
Próximo orçamento da Madeira vai incluir verbas para custear aborto
O presidente do Governo regional da Madeira garantiu que o orçamento de 2008 vai incluir verbas para financiar a interrupção voluntária da gravidez (IVG) nos hospitais do arquipélago.


Jornal Público, hoje:
Governo aprova novo regime de benefícios fiscais na Zona Franca da Madeira
O Governo aprovou hoje um diploma que altera o regime de ajudas do Estado à Zona Franca da Madeira, para o período de 2007-2013, que permitirá uma redução dos impostos pagos pelas empresas.


[Necessidade de] Justificação dada pelo governo, expressa no Comunicado do Conselho de Ministros*:
"As orientações estratégicas subjacentes à proposta do novo regime da Zona Franca da Madeira assentam, essencialmente, no pressuposto - reconhecido, aliás, pelas instâncias comunitárias - que os incentivos fiscais a consagrar tem por destinatário uma região ultraperiférica e se destinam a compensar os condicionalismos ao desenvolvimento existentes na Região Autónoma da Madeira".

Ou seja, o constrangimento do governo é tal - ele sabe que as pessoas não são estúpidas e que, como tal, vão somar 2+2 - que se sentiu compelido a invocar razões superiores - a UE - para justificar o injustificável.

* bold meu.

A informática, essa grande desconhecida


A notícia é de ontem mas tive que esperar até à noite para confirmar se tinha ouvido bem. Tinha. Portanto, até agora - Agosto de 2007, século XXI, 6 Governos Provisórios e 16 Governos Constitucionais depois - tínhamos um sistema fiscal que permitia a alguns milhares de calaceiros (os que se sabem que são, que aqueles que também o são mas não se sabe, são muitos mais) receber benefícios fiscais da mesma entidade (leia-se Estado, logo, nós) à qual se davam ao luxo de não pagar as contribuições devidas.

Por outras palavras, até agora - Agosto de 2007, século XXI, 6 Governos Provisórios e 16 Governos Constitucionais depois - não tinha havido nenhum técnico da carreira de informática do Ministério das Finanças que tivesse pegado no seu Spectrum para, através de intricados e espinhosos If-Thens e Go-Tos, cruzar a lista de devedores com a de credores e descobrir a roda, perdão, descobrir que os calaceiros supracitados figuram em ambas. Wow!

Já não falta fazer tudo, valha-nos essa consolação.

07 agosto 2007

Leituras de Verão


"Rui, tomando banho:
Eu sou um cara normal, igual a todo o mundo.
Primeiro eu passo o sabonete no peito,
depois na barriga, aí sovaco e braço,
depois bunda, aí na região do pinto,
depois eu desço pela perna direita até aos pés,
subo pela esquerda até à bunda e dou mais uma ensaboada,
aí uma última passadinha no pinto, e pronto. Normal."

"Vani, deitada, olhando pro teto:
Eu sou uma mulher normal: passo metade do tempo pensando merda.
Agora, por exemplo, eu tô pensando se eu devia ter dito uma coisa que eu disse,
ou se era melhor não ter dito, ou dito de outra maneira,
dizendo sem precisar de dizer."


in "Os melhores momentos de Os normais", Fernanda Young e Alexandre Machado, Ed. Palavra, 2002.

Detesto musicais (ii)


Mas gosto da música dentro dos filmes. Desta música, diálogo impossível entre Bob e Charlotte - "More than this, there is nothing" - como se toda a acção tivesse sido pensada apenas para culminar aqui.



30 julho 2007

O conto de Hansel e Gretel, revisitado


A nova campanha da Nobre para os seus Naturíssimos mostra-nos um conjunto de animais "nossos amigos" em tratamento vip: galinhas na sauna, perús no jacuzzi, porcos no spa. Muito bonito, sim senhor. O problema depois é pensar que toda aquela generosidade da Nobre termina no matadouro mais próximo, onde os mesmos animais "nossos amigos" serão mortos, fumados, cozidos, fatiados e embalados.

Está, portanto, encontrado o target dos Naturíssimos: o consumidor sádico.

Da vocação para a maternidade


(Amoreiras, balcão da Sical)

Situação 1:
Avó (loura e aspirante a dondoca): Era um café e um queque.
Criança: Avó, eu também quero um...
Avó: Cala-te! Tu não queres nada.
Criança: Mas eu...
Avó: Cala-te! Está quieta! Não comeste há bocado um iogurte? Tu queres é estragar, é o que tu queres!
A criança, a tentar chegar ao balcão: Mas eu queria um dest...
Avó: Está quieta! Que péssima ideia ter-te trazido comigo. Nunca mais! Menina, quanto é que lhe devo? Está quieta! Quanto? Está quieta! Aqui tem, 1.55 Eur. Está quieta!
E, virando-se para uma desconhecida que acaba de chegar: Mas que ideia a minha, já viu isto? Vir para aqui com esta criança.
Desconhecida: (silêncio).

Situação 2 (1 minuto depois da primeira):
Mãe: Um café, se faz favor.
A criança, a tentar empoleirar-se no balcão: Mãe, deixa-me ver o que há aí dentro!
Mãe (sem olhar): Não há nada para ver.
A criança continua a tentar içar-se, em vão: Mas eu queria ver o que há aí dentro.
Mãe (sem olhar): Já te disse, não há nada para ver. Vamos embora.

Do ridículo


Marques Mendes, na Festa do Chão da Lagoa, a debitar inanidades enquanto mexe os bracinhos (literalmente) e se vira, ora para a direita, ora para a esquerda. Uma marioneta não faria melhor.

Da eloquência


A Ordem dos Advogados do Brasil lançou um movimento cívico a favor dos direitos dos Brasileiros, contra a corrupção, contra a impunidade, pelo direito à indignação. Nome do movimento: "Cansei".

27 julho 2007

Contra-informação


Parece que os Massive Attack voltam a Portugal em Setembro, com os Peeping Tom na primeira parte. Os Peeping Tom são o novo projecto (?) / banda (?) do fabuloso Mike Patton, ex-Faith No More, ex-Tomahawk. Fixe. (Sei que dizer do Mike Patton que é fabuloso é um exagero brutal. O homem será, no máximo, bom. Bastante bom, vá lá).

Adiante. Vou ao site do(s) tipo(s) - que, por acaso, é o site da editora - à procura de um vídeo para postar e deparo com a notícia "very sorry to report that the long rumored Peeping Tom European August/September tour is not going happen. It looked like it was all set up and ready to run but hit a few last minute snags".

Shit! É oficial, não vêm. Vou ver quanto tempo demora a notícia a chegar a Portugal.

(O vídeo de "Mojo" pode ser visto aqui ao lado.)

16 julho 2007

Ó Costa, francamente...


"Agente veio mas 'inda ninguém nos disse o qué c'agente vínhamos cá fazer".

26 junho 2007

FernanDah Negrão


Agora tenho a certeza: os sublinhados no cartaz do Negrão foram a única forma que a chafari..., perdão, a agência de comunicação encontrou para que o próprio conseguisse perceber o trocadilho.

E depois admiram-se que o homem não saiba a diferença entre Epul, Epal e Ippar. Tss, tss...

25 junho 2007

Não há coincidências


Pois não há. Mas confesso que ver a Marília Gabriela (que, tanto quanto me é dado a "conhecer", estimo) no Palavras Soltas a debitar elogios ao novo livro do Agualusa (supostamente o livro que ela escolheu mostrar porque o leu, porque gostou, porque a marcou ou whatsoever) e, um dia depois, na festa de lançamento do dito livro, me irritou um bocado. É a lógica do mercado, eu sei, não há almoços grátis, blá, blá blá, mas, bolas, um pouco de espontaneidade, de verdade, de genuinidade, é pedir demais? Estou farta do mercado, que se lixe o mercado.

21 junho 2007

Debate? Qual debate?


Só ontem tive oportunidade de ver o debate entre parte dos candidatos à CML. Fraquinho, muito fraquinho.

António Costa pareceu-me seguro enquanto falou mas, por outro lado, era melhor que nunca o tivessem mostrado nos "intervalos". Que ar de rei pasmado era aquele? Um sorrisinho de quem já se considera vencedor? Não percebi.

Helena Roseta tem boas ideias e é, seguramente, uma pessoa honesta, mas a postura de "vamos fazer uma junta de salvação nacional" é completamente utópica. Depois (off topic), aquele fato verde com uma flor a esvoaçar na lapela não lembraria ao diabo. Ninguém do seu staff lhe disse que aquilo desvia a atenção dos espectadores, que acabam por se fixar na flor e não nela?

Para Sá Fernandes confesso que já não tenho pachorra; "eu fiz", "eu disse", "eu isto e aquilo". Ideias, que é bom de ver, nenhuma. É mais fácil apontar do que fazer, claro.

Ruben de Carvalho esteve sempre num tom excessivo, de quem está zangado com o mundo e se acha dono da razão (o remate insuportável de todas as frases com "não é?" prova isso mesmo). Mais, bocas como a das "luvas" foram, literalmente, foleiras.

Telmo Correia picou-se demasiado com Sá Fernandes, quando o seu alvo deveria ter sido António Costa. Ainda assim, e depois daquele cartaz medonho em que aparece ladeado pelo Ken, a Barbie, a Avozinha e o Nobre Guedes de esguelha (a fugir da Avozinha), confesso que esperava pior.

Carmona Rodrigues continua o verdadeiro idiota-optimista.

Sobre Fernando Negrão… digamos que tive pena de Marques Mendes, ao imaginá-lo na sede do PSD à procura de uma corda para se suicidar. O homem é muito, muito mau!... Era preferível que tivesse inventado uma súbita afonia, qual Jerónimo, e zarpasse. Não teria perdido tantos votos. A confusão com Setúbal, a ideia inacreditável dos parques (assim mesmo, vários!) de estacionamento na baixa, a internet para todos (?!?) e, no fim, a forma como repetiu a pergunta "uma ideia para Lesboa?", como se a jornalista tivesse dito que lhe ia extrair um rim, foi demasiado penosa.

Conclusão da noite: a Zézinha (é que) faz falta.

P.S. O Museu da Electricidade é fabuloso e, como tal, fica bem na fotografia. Mas, senhores, aquilo não tem acústica para debates! Parece que estão todos a falar no fundo de um poço e basta que se virem para o lado para deixarem de se ouvir. Com tanto sítio (igualmente) bonito em Lisboa…

13 junho 2007

Da inteligência (ii)


Além de Marques Mendes e Marques-Dia-do-Cão-Guedes, não estou a ver, assim de repente, a quem mais é que isto possa interessar:

(Retirado do site oficial da candidatura de Fernando Negrão à CML. Juro. É verdade.)

11 junho 2007

O slow que veio do frio


Embora pareça, não vou falar de GNR. Mas [confesso que gosto imenso deste Slow, da voz arrastada do Rui Reininho de outros tempos a cantar oh-oh, dá-me uma volta, aperta-me...] lembrei-me deste título a propósito de Hanne Hukkelberg, uma Norueguesa misto de Feist meets Psapp meets Joanna Newsom sem harpa, que vai estar esta sexta-feira no Lux a mostrar o que andou a fazer durante os últimos meses, no nº 68 da Rykestrasse, em Berlin.

A primeira amostra pode ser vista e ouvida aqui ao lado.

04 junho 2007

Sinergias publicitárias


Perfeito, perfeito, era o Millenium BCP usar a sua campanha “Jovens com asas” para pôr os casalinhos de galinhas do Bruno Nogueira e as meninas trim-trim a voarem para outra galáxia. Parecendo que não, facilitava.

Quando a alma não é pequena


Os Dead Combo continuam a provar (a quem ainda não sabia) que são das bandas portuguesas mais interessantes da actualidade (ou, arriscaria, a banda). Já tinha falado deles aqui, mas o concerto da passada sexta-feira na ZdB obriga-me a fazê-lo outra vez. Até à próxima vez.

Ao lado, o tema que dá nome ao último álbum (de 2006) e a este post.

01 junho 2007

Gostei


Mas, depois daquela performance fantástica - o homem é o homem e o seu violino - para o tema "Why?", fiquei a desejar que a sala encolhesse e que os outros, baterista e guitarrista, se eclipsassem. Tal não aconteceu, foi pena.


Foto: Blitz

29 maio 2007

It's been such a long time*


" (...)
I don’t know how to do lyrics yet
(like finding a meter, doing lines in that meter
then chorus, then lines in that meter, then chorus…)
songs just come out of poems
and sometimes poems come out of dreams
or reality
or something I wanna say.
(…)
But mostly is what my heart wants to say…

What do I want people to get from my music?
Whatever they want...
Whatever you like."




Jeff Buckley
(17.11.66 / 29.05.97)

* da letra de "What will you say".

25 maio 2007

Da inteligência


O slogan do PSD para estas autárquicas é Lisboa a sério. Muito bom. Aliás, digo mais: muito bom. Daqui retiro, portanto, que os últimos 6 anos - da responsabilidade do mesmíssimo PSD - foram a brincar.

Bem me tinha parecido.

24 maio 2007

Detesto musicais (i)


E, no entanto, gosto quando a música entra em cena, quando interfere na história, quando se serve dos personagens para contar a sua própria história. Como neste caso, com Nanni Moretti (em Caro Diario, 1994) rendido a Silvana Mangano (no filme Anna, de 1951).

Silvana "interpreta" El Negro Zumbon: é ela quem vemos na imagem, embora a voz seja de Flo Sandon's (que começou assim a sua carreira como cantora).

Que levante a mão quem conseguiu resistir a cantarolar "...tengo gana de bailar el nuevo compás...".


11 maio 2007

09 maio 2007

Importa-se de (não) repetir?


Ontem à noite, em zapping pela televisão, dou com o início de um debate na Sic Notícias a propósito do desaparecimento da criança Inglesa no Algarve (que os pais deixaram sozinha em casa, by the way, mas isso agora não interessa nada); a jornalista (Ana Lourenço) pergunta a um dos convidados (que não percebi quem era, mas tinha cara - e fatiota - de jurista) como é que os jornalistas podem conjugar o cumprimento do segredo de justiça imposto pelas autoridades e o "dever" de informar as pessoas.

O senhor começa por dizer qualquer coisa à laia de introdução e, depois, como contraponto deste caso, refere-se a um outro, passado no Brasil, em que todas as investigações foram seguidas pelos jornalistas (e emitidas praticamente em directo para a populaça).

Dizia o senhor assim: "(...) no Brasil, no caso dos acimentados, os jornalistas (...)". WHAT???? "no caso dos acimentados"???? E ninguém mandou o homem embora dali, logo naquele momento? Confesso que fiquei petrificada durante alguns momentos... é incrível como alguém se refere a um caso dramático de homicídio como se estivesse a falar do "Apito Dourado" ou da "Operação Páscoa Segura". Além do evidente mau gosto, é de uma falta de respeito atroz.

O facto de vermos imagens de atrocidades todos os dias não pode desvalorizar a atrocidade em si. Uma atrocidade é uma atrocidade é uma atrocidade. Ponto. Haja decência.

Nota: já agora, e tanto quanto sei, o verbo "acimentar" não existe. Mas isso é toda uma outra conversa.

04 maio 2007

Câmara ardente


A propósito desta cena inenarrável entre Carmona Rodrigues e Marques Mendes lembrei-me do filme The Departed (que por cá recebeu o oportuno nome de Entre inimigos) e, particularmente, de um pequeno diálogo que, adaptado aos dois personagens em causa, daria qualquer coisa como:

Carmona: who the fuck are you?
Mendes: I'm the guy who does his job. You must be the other guy.

27 abril 2007

Câmara escura


Carmona foi constituído arguido, Fontão e Gabriela têm os mandatos suspensos, Maria José saiu do partido e Carrilho foi à vidinha. Marques Mendes continua mudo e quedo. Até o site da CML está em baixo.

Parece-me que não vale a pena continuarem a escavar a António Augusto de Aguiar, a cidade já está devidamente enterrada.

20 abril 2007

Sol Seppy (em dia de chuva)


Continuo na onda “minimal is beautiful”... desta vez para falar de Sophie Michalitsianos, que responde pelo nome de Sol Seppy. Depois de ter colaborado com os Sparklehouse, Sophie decidiu fazer um álbum seu: o resultado foi The Bells of 1 2* , em tom confessional, como se de um diário se tratasse - o que até faz algum sentido, já que as canções falam sobretudo da natureza humana e da metafísica do amor (Sophie dixit).

Gravado e produzido pela própria Sophie, vale a pena ouvir The Bells of 1 2… nem que seja só uma vez.

* onde se inclui Slo Fluzz, no vídeo ao lado.

16 abril 2007

Caro Nanni


(a propósito da sua vinda a Lisboa para apresentar Il Caimano e do autógrafo que arrecadei, qual adolescente!)

04 abril 2007

The great escape


Comecei pelo fim, ou seja, a ouvir Patrick Watson no novo álbum dos The Cinematic Orchestra (Ma Fleur, 2007), em To build a home. Depois fui investigar que voz era aquela, que me fazia lembrar Antony (embora com menos vibrato, o que não era necessariamente mau...). Cheguei então a Close to Paradise (2006), onde está este The great escape (ao lado) e, também, Lucious life, completamente colado a Jeff Buckley (assumidamente uma das suas influências).

Falta de originalidade ou apenas bom gosto? Hum...

30 março 2007

Incompreensões


Uma pessoa vai a um mercado de livros em saldo para, digo eu, passar umas boas horas a percorrer as mesas, a pegar em livros, a ler páginas ao acaso, a reencontrar edições e autores esquecidos mas, ao invés, leva com um best of dos Queen a rugir nas colunas; as boas horas descambam rápida e penosamente em vinte minutos de olha-pega-larga-sai-uff!.

Alguém ainda me há-de explicar a razão desta obsessão pela “música” em todo o lado. Ou porque é que as pessoas têm medo do silêncio.

09 março 2007

It's a Bird!


Um (mais um!) concerto imperdível para os próximos tempos: Andrew Bird, dia 31 de Maio, no Cinema S. Jorge (Lisboa)*.

Andrew Bird é, sobretudo, um excelente compositor e performer - violino, guitarra, assobio (!) - o que compensa largamente o facto de não ter uma grande voz. Quem não reparou no álbum Mysterious production of eggs (do qual falei aqui no ano passado) pode esperar mais uns dias e comprar o novo Armchair Apocrypha que, pelo que já ouvi, me parece ainda melhor.

Deixo à esquerda um concerto (inteiro!) de 2005, em Amsterdão (que pode ser visto em tamanho decente aqui).

* E também em Braga e Coimbra.

20 fevereiro 2007

Ayers Rock



Ontem à noite, para uma sala quase vazia. "I'm glad you didn't all go to Carnival...". Nós também.

15 fevereiro 2007

Sweet Jane


É provável que algumas pessoas deixem de vir aqui (acreditando que vem mais alguém além de mim), depois de eu dizer isto: esta versão dos Cowboy Junkies para Sweet Jane de Lou Reed / Velvet Underground* é... melhor que o original. Hélas!

Não me lembro sequer se gosto de mais alguma canção dos manos Junkies, mas lembro-me, isso sim, que comprei este álbum (Trinity Sessions, 1988) só por causa de Sweet Jane. Que, como se vê aqui ao lado, continua a apetecer ouvir vezes sem conta.

* Loaded, 1970.

13 fevereiro 2007

Agora SIM!


Quanto mais não seja, está aberto o caminho para nos tornarmos uma sociedade mais responsável, mais transparente e mais tolerante.

09 fevereiro 2007

How soon is now


Aproprio-me descaradamente do título desta música (excelente!) dos Smiths para reforçar aquilo que disse mais abaixo: é agora. É agora o tempo de mudar alguma coisa. E, ao contrário do que alguns iluminados (mais interessados em baralhar - to say the least - do que em esclarecer) dizem por aí, só o SIM pode, de facto, contribuir para que as coisas não fiquem na mesma.

01 fevereiro 2007

31 janeiro 2007

SIM


Tenho evitado escrever um post sobre o referendo à IVG porque, de cada vez que penso nisso, só me apetece vociferar; vociferar sobretudo contra a desonestidade intelectual de alguns (ditos) opinion makers da nossa praça que defendem o Não.

Como é que é possível que a maioria destes defensores do Não venha dizer que é contra a penalização das mulheres que recorrem à IVG? Mas afinal não é precisamente isso - a despenalização da IVG até às 10 semanas - que está em causa? Não, mas Sim? Sim, mas Não? Nim? São? Em que é que ficamos?

Se votam Não então assumam de uma vez por todas que querem deixar tudo na mesma: que as mulheres pobres abortem clandestinamente e as mulheres ricas abortem confidencialmente. Assumam que o que importa é fazer de conta que não se passa nada, não ver para não saber. Assumam que o que interessa é parecer: é o atestadozinho que tudo resolve; é o buraquinho na lei; é o segredinho; é a cunhazinha; é a palavrinha sussurrada; é o empurrãozinho; é o arranjinho e o desmanchozinho; é o respeitinho; é a saudadezinha de Salazar (esse Português maior, ou terei ouvido mal?). Sejam honestos.

Eu voto SIM. Porque sou a favor da vida; da vida vivida e decidida em consciência por cada um. Porque sou a favor de um Estado que recebe aqueles que dele precisam, que abre portas, que ouve, que respeita. Um Estado que não esconde e que não se esconde.

15 janeiro 2007

Wild is the wind


David Bowie está longe de ser dos meus cantores preferidos; é verdade que tem o fabuloso Space Oddity, mas também tem aquela coisa medonha chamada Dancing in the Street, a meias com Mick Jagger. No entanto, e por conta do seu aniversário na semana passada, acabei por me lembrar de uma interpretação notável que o senhor fez de Wild is the wind, incluída no álbum Station to Station, de 1976.

Wild is the wind foi originalmente composto para um filme com o mesmo nome (em 1956) e recuperado 10 anos mais tarde por Nina Simone. É nela (e por ela) que Bowie se inspira para esta versão.

P.S. Cat Power também o cantou (The Covers Record, 2000), ao piano, para quem preferir uma versão mais "negra".

04 janeiro 2007

Take you home


Provavelmente o nome Devastations diz pouco a muita gente, mas o facto é que esta banda Australiana já tocou para uma extensa minoria, na ZdB, em 2004. Agora, e ao cabo de todos uns dois-álbuns-dois, fizeram finalmente um vídeo para mostrar ao mundo (sim, limitaram-se a filmar-se aos solavancos dentro de um carro, mas também ninguém disse que só as grandes produções resultam em bons vídeos).

Quem ficar curioso poderá vê-los ao vivo (sai novidade quente e boa!) no próximo dia 19 de Fevereiro, no Santiago Alquimista. Antes disso, é espreitar o último Coal, (já) disponível na Fnac: aqueles que gostam de Stuart Staples vão encontrar algumas semelhanças de timbre, sobretudo nos temas mais soft.