31 janeiro 2007

SIM


Tenho evitado escrever um post sobre o referendo à IVG porque, de cada vez que penso nisso, só me apetece vociferar; vociferar sobretudo contra a desonestidade intelectual de alguns (ditos) opinion makers da nossa praça que defendem o Não.

Como é que é possível que a maioria destes defensores do Não venha dizer que é contra a penalização das mulheres que recorrem à IVG? Mas afinal não é precisamente isso - a despenalização da IVG até às 10 semanas - que está em causa? Não, mas Sim? Sim, mas Não? Nim? São? Em que é que ficamos?

Se votam Não então assumam de uma vez por todas que querem deixar tudo na mesma: que as mulheres pobres abortem clandestinamente e as mulheres ricas abortem confidencialmente. Assumam que o que importa é fazer de conta que não se passa nada, não ver para não saber. Assumam que o que interessa é parecer: é o atestadozinho que tudo resolve; é o buraquinho na lei; é o segredinho; é a cunhazinha; é a palavrinha sussurrada; é o empurrãozinho; é o arranjinho e o desmanchozinho; é o respeitinho; é a saudadezinha de Salazar (esse Português maior, ou terei ouvido mal?). Sejam honestos.

Eu voto SIM. Porque sou a favor da vida; da vida vivida e decidida em consciência por cada um. Porque sou a favor de um Estado que recebe aqueles que dele precisam, que abre portas, que ouve, que respeita. Um Estado que não esconde e que não se esconde.

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