28 janeiro 2005

Imbecilidades


Confesso que tinha decidido não voltar a comentar as atitudes de Santana Lopes. Pensei que tinha esgotado a paciência para a quantidade de alarvidades que este homem é capaz de dizer por minuto. Mas esta é demais: achar que existe uma "mega-fraude" por parte das empresas de sondagens (porque apresentam, todas, um resultado desfavorável ao PSD) e que vai processar aquelas cujas previsões não se confirmarem a 20 de Fevereiro é bem revelador do grau de desespero e estupidez a que chegou Santana Lopes.

Desespero face à inevitabilidade da derrota (da liderança do país e, a seguir, da liderança do próprio partido) e estupidez por não ter ainda percebido que as sondagens, estas sondagens, não servem para prever resultados eleitorais; servem, isso sim, para medir as intenções de voto no momento presente (daí a pergunta "se as eleições fossem hoje..."). Como tal, são instrumentos privilegiados que permitem aos partidos afinar as suas estratégias de comunicação durante a campanha. Instrumentos que Santana dispensa e repudia, porque quem não está com ele está contra ele.

É a democracia e a liberdade de opinião em todo o seu esplendor. O que irá Santana dizer a seguir? Que vai processar todos quantos não votarem nele?

27 janeiro 2005

E ainda haverá pachorra?


Excerto do blog de Sócrates:

"Apesar das birras de última hora do líder do PSD, foi possível chegar a um entendimento para a realização de um frente-a-frente televisivo, sem excluir nenhuma televisão à partida, tal como sempre defendi, num modelo aberto em que foi possível um entendimento entre RTP e SIC"
.

Excerto do blog de Santana:

"Parece que desta vez é que é. O secretário-geral do PS decidiu, finalmente, sair do pedestal em que se encontrava e com muito esforço lá aceitou fazer um debate a dois que será transmitido por diversos canais de televisão e rádio".

A coisa promete. Por este andar, acho que vou ver o debate sem som.

26 janeiro 2005

O chico-espertismo de Santana


Santana Lopes enviou a todas as Juntas de Freguesia do país um poster seu para pendurar na parede, como se pode ler hoje no Público; até aqui, tudo "normal", ou seja, limitou-se a fazer aquilo que todos os seus antecessores fizeram. O incrível da situação é o facto destes posters terem começado a ser enviados (alguns ainda o estão a ser) depois de Sampaio ter demitido o governo.

Resumindo, a campanha eleitoral começou mesmo mais cedo. Com um pequeno fait-divers: esta, somos nós que pagamos.

And the Oscar goes to...




... Richard Linklater, Ethan Hawke e Julie Delpy, na categoria de melhor argumento adaptado, em Before Sunset.

Por mim, já ganhou.

25 janeiro 2005

Um "counter" para Santana, já!


Excerto do blog de Santana Lopes:

24 de Janeiro
"Perante tanta contradição, tanto desmentido, tanta incerteza que os partidos da oposição têm oferecido, tenho a certeza que este [blogue] será um meio essencial para o PPD/PSD, sem mentiras nem embustes, possa esclarecer melhor os milhões de Portuguesas e Portugueses que costumam passar os olhos por aqui".

Haja alguém que lhe explique como instalar um "contador de visitas" no seu blogue, a bem da verdade.

24 janeiro 2005

Leio, logo tenho dúvidas


Excerto do blog de Morais Sarmento, cabeça de lista do PSD por Castelo Branco:

Quinta-feira, 6 de Janeiro
(...) O principal problema desta campanha no distrito de Castelo Branco será o de transmitir aos eleitores o trabalho realizado pelos governos do PSD por este distrito e pelo País (...).

Pergunta que se impõe: porque é que transmitir o "trabalho realizado pelos governantes do PSD" é um "problema"? O trabalho não foi suficientemente bom? Não existiu sequer? Ou o problema são os eleitores, que não têm capacidade de abstracção para perceber a diferença entre nada e coisa nenhuma?

Melhor é impossível


Depois de Dulce Pontes ter proibido o (ab)uso da "Canção do Mar" na campanha de Santana Lopes, eis que este decide encomendar (ou terá sido mesmo ele quem escreveu?) uma canção para anunciar a sua entrada nos comícios do PSD. Deixo aqui a letra (os mais sensíveis deverão tomar um Primperan antes de iniciar a leitura):

Guerreiro Menino (um homem também chora)

"Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura

Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem refeitos

É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz"

20 janeiro 2005

Querido Diário


António José Seguro (AJS) tem um blog. Um blog homónimo, com uma foto sua em mangas de camisa (que um homem de casaco vestido é sinal de pouco trabalho e nenhum esforço), ao lado de imagens do distrito de Braga (para que não restem dúvidas: não é Coimbra, nem Beja, nem Faro; é Braga.).

O blog não é mais do que um diário (imperdível!) do seu dia-a-dia como candidato a deputado. Senão vejamos:

15 de Janeiro
O sábado foi dedicado ao contacto com a população do concelho de Vieira do Minho. Fomos recebidos com fortes e contínuos incentivos. "Não nos desiludam", e "Lembrem-se do interior do distrito" foram das expressões muito utilizadas pelas pessoas com quem conversámos (...). Já conhecíamos o dinamismo do Presidente da Câmara Jorge Dantas, mas ficámos alegremente surpreendidos pela acção da autarquia no exercicio de funções que incubem ao Governo da República. De entre elas emerge as acções de combate ao insucesso e ao abandono escolar, através do Programa Escolhas.

Primeiro reparo (tem que ser!): AJS escreve mal que se farta! "foram das expressões muito utilizadas"; "incubem"; "emerge as acções"... credo!!!

Segundo reparo: pior que escrever mal, é o facto de ficarmos a saber que AJS está "alegremente surpreendido" com a "acção da autarquia no exercício de funções que incubem ao Governo da República". Mas é suposto as câmaras usurparem as funções do governo da República? Se sim, parece-me grave. Se não, só posso concluir que AJS queria dizer o contrário, apenas se enganou no sujeito: o Governo da República é que incumbiu a autarquia. Mas isto levanta-me outra dúvida: porque é que AJS está alegremente surpreendido? Não estava à espera que o autarca, seu colega de partido, fosse tão eficaz no cumprimento das suas incumbências? Mas não é para isso que ele lá está?

16 de Janeiro
Finalmente um dia sem agenda política. Trabalhei de manhã e fui almoçar com o Agostinho e com o Silvino. Aproveitei para passear. O dia estava soalheiro e a simpatia das pessoas é singular. O António Braga veio ter connosco e fomos ver o futebol, pois jogavam duas equipas do distrito: Braga e Moreirense, tendo como enquadramento um estádio único e lindo. Á noite jantei em casa dos amigos Paulo Alexandre e Teresa, ambos professores na Universidade do Minho. Matámos saudades e recebi preciosas sugestões para a campanha. Aproveitei para ver a sic-notícias, e ao fazê-lo, inteirei-me da polémica em torno de palavras estéreis: o PSD contra o PP; e o monólogo da Santana a exigir ao PR que dissolva a oposição.

Ui, esta é demasiado boa: "O dia estava soalheiro e a simpatia das pessoas é singular". Oh! AJS, toma lá mais um voto, rapaz, por falares assim das nossas gentes. E aquele jogo de futebol num "estádio único e lindo"? (únicos e lindos, claro, quem foi que teve a ideia do Euro 2004, quem foi?). Toma lá outro voto!

Paulo e Teresa, obrigada! Ainda bem que são professores universitários, gostei de saber. Era só o que faltava, estarem a dar "preciosas sugestões" ao AJS, e depois serem, sei lá, carteiros, polícias, ou coisa assim...

O "monólogo da Santana" é que não percebi. Quem é essa senhora, uma santa lá da terra?

17 de Janeiro
O dia de hoje foi novamente dedicado á qualificação dos jovens e dos desempregados (...) em Famalicão. Fomos visitar uma Escola de Formação Profissional, a CIOR. Contactamos com Professores e com alunos (...). Os jovens optam pela escola profissional porque lhes permite "arranjar um emprego, enquanto os doutores ainda por aí no desemprego", refere um deles. Retorqui, afirmando que é menos difícil a um jovem licenciado obter um emprego do que um jovem com um grau de instrução inferior, fazendo um apelo à qualificação ao longo da vida. (...). Ao final da manhã rumei às Caldas da Rainha para estar com a família. Amanhã, cedinho, viajarei para Lisboa para dar aulas na Universidade e trabalhar na Assembleia da República.

Pois isso da qualificação e das escolas profissionais é tudo muito giro e dá muitos votos, mas eu e os meus amigos Paulo e Teresa achamos que a universidade é que é. Um licenciado arranja mais facilmente emprego que um "jovem com um grau de instrução inferior", ou seja, que um jovem com uma formação profissional como a que é dada, por exemplo, pela CIOR, em Famalicão.

Uff, mas que dia longo este, AJS! Tão longo que "rumaste" (olha, outro com a mania dos "rumos"!) a casa ao "fim da manhã". Isso é que foi trabalhar, sim senhor! Mas pronto, está bem, no outro dia foste "cedinho" dar aulas na universidade, que é uma coisa importante e que distingue as pessoas. Que o digam o Paulo e a Teresa. Aliás, deve ser por isso que escreves "Professor" com maiúscula e "aluno" com minúscula.

E la nave va.

19 janeiro 2005

Mas este não é um governo "de gestão"?


É impressão minha ou, desde que está demissionário, o governo de Santana já anunciou mais medidas que no total dos seus quatro ou cinco meses de vida? Só esta semana ficámos a saber, por exemplo, que vamos ter mais duas-pontes-duas sobre o Tejo, uma "cidade administrativa" em Chelas ...

Das duas uma: ou o calendário destes senhores é diferente do meu, ou a campanha eleitoral começou mais cedo que o previsto...

18 janeiro 2005

17 janeiro 2005

Contradições


Miguel Relvas (secretário-geral do PSD) desafiou este sábado todos os partidos a divulgarem as empresas de sondagens com as quais trabalham, a bem do "rigor" e da "seriedade". Em causa estava uma sondagem publicada no Expresso e realizada pela Eurosondagem (empresa que, de acordo com o senhor supra-citado, também trabalha para o PS e que "não pode fazer sondagens para um orgão de comunicação social num dia e para um partido no outro"). Daqui se conclui que a) a Eurosondagem não trabalha para o PSD e que b) quiçá devesse até ser banida do Expresso (pelo menos enquanto trabalhar para o PS).

A ser assim, pergunto o que faz então um outdoor do PSD no Marquês de Pombal, hoje, a publicitar uma tendência crescente dos resultados que o PSD tem tido nas sondagens do... Expresso!

Dizia o Sr. Relvas, portanto... como é que era mesmo?

Inquietações



Edward Hopper, The lighthouse at two lights, 1929

Às vezes é preciso que algo belisque a nossa (suposta) imortalidade para percebermos o quão urgente é viver. Viver cada dia como se fosse o último, fazer planos como se fosse o primeiro.

14 janeiro 2005

13 janeiro 2005

O candidato que lava mais branco

Confesso que até acho piada ao Marketing Político, na sua vertente de estratégia de comunicação aplicada às ideias (ao invés de às coisas). No entanto, nos últimos tempos, tenho-me questionado sobre se este não se terá tornado mais numa forma de camuflar o vazio do discurso político do que, propriamente, o promover.

O facto é que deixámos de ter campanhas eleitorais cujo objectivo era, sobretudo, divulgar as ideias e as motivações para governar o país, para passarmos a ter verdadeiros trailers cinematográfico-publicitários (aos quais não falta sequer a banda sonora a condizer. Épica, de preferência, que as pessoas gostam de heróis).

Consequentemente, também deixámos de ter candidatos (mais ou menos simpáticos, com maior ou menor dom da palavra), para passarmos a ter verdadeiros actores, daqueles que estudam meticulosamente o guião, que sabem exactamente em que deixa devem inflamar o tom de voz e em que capítulo devem exortar as massas ao aplauso e ao "viva".

Poderão sempre dizer-me que toda esta mise-en-scene é resultado dos tempos modernos e que, como tal, é inevitável (ou mesmo irreversível). No entanto, pergunto(-me), até que ponto é possível acreditar em filmes? Em promessas prontas-a-comer? Em programas de governo que não são mais que cópias (não necessariamente restauradas) dos anteriores?

Somos todos consumidores, mas isso não faz de Portugal um hipermercado.

Eu sei que tu sabes que ele sabe que eu sei

Afinal parece que todos sabiam do dossier Galp/S.Tomé. Só não o disseram antes para manter o suspense e dar que fazer aos jornalistas, é o que é...

12 janeiro 2005

5, 7 minutos muito intensos...

Três vivas à Sic Radical, que está a repetir a série Meireles do Gato Fedorento (essa mesmo, a que não está no DVD!). São dois episódios diferentes por semana, às terças, sextas e sábados, com o seguinte esquema:

Terça, 21h.30: Episódio B
Sexta, 8h.00: Episódio A
Sábado, 14h.00: Episódio A
Sábado, 21h.30: Episódio B

Depois não digam que não avisei!

11 janeiro 2005

Santana "Calimero" Lopes

Decididamente, a estratégia de Santana Lopes é a da vitimização; primeiro foi a incubadora, depois a ambulância, as facadas nas costas e, last but not least, Cavaco... só assim se justifica o "contra ventos e marés" (que, ainda por cima, é infeliz face ao contexto mundial actual), um verdadeiro apelo ao sentimento luso da pena. A saber: coitado, ele tinha tantas ideias, mas depois veio o vento... coitado, ele tinha tanta vontade de mudar o país e fazer obra, mas as marés traiçoeiras... coitado, vamos lá dar uma hipótese ao rapaz, assim como assim...

A este propósito, atente-se na reacção de Santana face ao episódio das "férias" de Morais Sarmento. Ao invés de tentar justificar a situação, preferiu colocar o seu melhor ar pesaroso e lacrimejante para admitir que o assunto era incómodo... (leia-se: que era mais uma facada). Temos Calimero, está visto!

A estratégia da vitimização tem ainda outra vantagem: Santana desresponsabiliza-se das trapalhadas que criou e da situação em que deixa o país já que, em bom rigor, uma vítima nunca tem culpa.

No entanto, ao afirmar que se candidata "contra ventos e marés" (ou seja, contra tudo e contra todos), Santana esqueceu-se de explicar, afinal, por quem é que se candidata... se a oposição começa precisamente dentro do PSD, quem é que resta a Santana?

07 janeiro 2005

Nunca é tarde...

... para registar os meus filmes de 2004:

Before Sunset


Lost in Translation


La Mala Educacion

06 janeiro 2005

Má educação

A ministra da educação recusou-se hoje a ir à Assembleia da República explicar os resultados da auditoria à colocação de professores. Segundo a própria, "Telefonaram-me a perguntar se achava interessante ir, e eu disse que não, porque achei que os jornalistas fariam hoje todas as perguntas relevantes". Ou seja, que se lixe a democracia, a minha vida não é isto e os senhores deputados da oposição que liguem depois a televisão se quiserem saber alguma coisa...

Willkomen 2005!

De cada vez que muda o ano voltamos a acreditar que vamos conseguir mudar imensas coisas, que "este ano é que é!", que "ano novo, vida nova"... no entanto, acordamos no dia 1 e concluímos que estamos na mesma, que nenhuma mão invisível passou por aqui... Quando se vai para fora do país é ainda pior: parece que a esperança de encontrar as coisas diferentes no regresso é directamente proporcional à distância a que se está de casa! Pese embora o facto de só ter chegado ontem (e de, por isso, ainda estar um pouco "no ar"!) parece-me que continua tudo na mesma... as listas estapafúrdias, o outdoor irreal à la PSL ("ninguém fez mais por Portugal"?!?)... Enfim, vou sair e voltar a entrar.