29 julho 2005

Serviço Público II


Só pode ser uma razão muito próxima daquilo que comummente se entende por serviço público a que leva Mário Soares a candidatar-se a Presidente da República. A não ser por essa nobre razão, teríamos de admitir que se trata apenas de uma forma de a) puxar o tapete a Manuel Alegre b) assumir que os iluminados do PS (leia-se: o desejado Vitorino ou o apaziguador Guterres, entre outros), quando toca a vestir a camisola do país, fogem que nem tordos ou c) manifestar a sua imensa vaidade, considerando-se a si próprio como o Salvador da Pátria.

De facto, e por mais que tente, não consigo perceber o que terá levado Sócrates a declarar, repentina e inesperadamente, o seu apoio a Soares; ao mesmo Soares para quem Sócrates "personifica(va?) o que o Guterrismo teve de pior", ao mesmo Soares que, há escassos meses, disse que a hipótese de uma candidatura sua à Presidência da República era, no mínimo, "redícula*" e "não fazia sentido nenhum".

Tinha razão, não faz sentido nenhum. O Portugal de Soares (da democracia imberbe, da adesão à CEE, da subsídio-dependência) não só já não existe como ninguém o quer de volta. Espero que alguém lhe diga, em bom tempo, que em política não há pessoas insubstituíveis. Temos pena.

* está propositadamente errado. Foneticamente, é assim que Soares pronuncia a palavra "ridículo".

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