02 fevereiro 2005

O silêncio (não) é de ouro


Sócrates esteve bem na entrevista de ontem ao Canal 1: repudiou calmamente as insinuações de Santana Lopes e teve tempo para falar das medidas que o PS pretende implementar mal se torne governo. No entanto, perante a pergunta sobre como vai o PS governar caso não obtenha a maioria, Sócrates não respondeu.

Embora compreenda que o silêncio possa ser precisamente a estratégia do PS nesta questão (ou seja, deixar o assunto em aberto, não se comprometer), já compreendo menos até que ponto essa estratégia lhe poderá ser benéfica: com o PCP a colocar-se cada vez mais em bicos de pés para chegar ao governo e o BE a reafirmar que não quer ser governo, em que é que ficamos?

Ou será que é precisamente isto que o PS pretende? Criar a dúvida, para levar os eleitores indecisos e os que temem eventuais coligações à esquerda a votarem PS e, desta forma, alcançar a maioria?

Parece-me uma jogada algo arriscada. Até porque se trata de eleições legislativas, e não de um referendo para decidir se o PS deve ou não ter maioria. As maiorias não se pedem, conquistam-se; com votos, não com vontades. Estão a ver um eleitor a votar "PS-mas-só-se-for-com-maioria-senão-é-branco"? Eu também não.

Sócrates - e a sua equipa - têm que mostrar que estão preparados para todos os cenários. Não vão os eleitores começar a pensar que a equipa só está disponível para governar se for com maioria.

Sem comentários: