Confesso que até acho piada ao Marketing Político, na sua vertente de estratégia de comunicação aplicada às ideias (ao invés de às coisas). No entanto, nos últimos tempos, tenho-me questionado sobre se este não se terá tornado mais numa forma de camuflar o vazio do discurso político do que, propriamente, o promover.
O facto é que deixámos de ter campanhas eleitorais cujo objectivo era, sobretudo, divulgar as ideias e as motivações para governar o país, para passarmos a ter verdadeiros trailers cinematográfico-publicitários (aos quais não falta sequer a banda sonora a condizer. Épica, de preferência, que as pessoas gostam de heróis).
Consequentemente, também deixámos de ter candidatos (mais ou menos simpáticos, com maior ou menor dom da palavra), para passarmos a ter verdadeiros actores, daqueles que estudam meticulosamente o guião, que sabem exactamente em que deixa devem inflamar o tom de voz e em que capítulo devem exortar as massas ao aplauso e ao "viva".
Poderão sempre dizer-me que toda esta mise-en-scene é resultado dos tempos modernos e que, como tal, é inevitável (ou mesmo irreversível). No entanto, pergunto(-me), até que ponto é possível acreditar em filmes? Em promessas prontas-a-comer? Em programas de governo que não são mais que cópias (não necessariamente restauradas) dos anteriores?
Somos todos consumidores, mas isso não faz de Portugal um hipermercado.
2 comentários:
Pois eu nao acho nenhuma piada ao Marketing Político. Penso até que essa "profissao" deveria ser banida, proibida, excomungada, tal como o traficante de droga ou o proxeneta, mas com a diferença de que o cliente / beneficiario dos seus serviços também deve ser criminalizado.
As campanhas eleitorais deveriam ser simplesmente restringidas à divulgaçao dos e só dos programas eleitorais (sem quaisquer folclores), sessoes de esclarecimentos nas respectivas juntas de freguesia e debates entre candidatos.
Mainada !
O que verdadeiramente me deprime é que o casting também se tem revelado fraquíssimo e daí os actores da terceira regional. É por isso mesmo que andamos chateados. E deixemo-nos de merdas: Politica = Representação! Agora convém que sejam profissionais (logo competentes) para nós não darmos o dinheiro como mal empregue. Porque esse sim é que é sempre o problema!
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