31 janeiro 2007

SIM


Tenho evitado escrever um post sobre o referendo à IVG porque, de cada vez que penso nisso, só me apetece vociferar; vociferar sobretudo contra a desonestidade intelectual de alguns (ditos) opinion makers da nossa praça que defendem o Não.

Como é que é possível que a maioria destes defensores do Não venha dizer que é contra a penalização das mulheres que recorrem à IVG? Mas afinal não é precisamente isso - a despenalização da IVG até às 10 semanas - que está em causa? Não, mas Sim? Sim, mas Não? Nim? São? Em que é que ficamos?

Se votam Não então assumam de uma vez por todas que querem deixar tudo na mesma: que as mulheres pobres abortem clandestinamente e as mulheres ricas abortem confidencialmente. Assumam que o que importa é fazer de conta que não se passa nada, não ver para não saber. Assumam que o que interessa é parecer: é o atestadozinho que tudo resolve; é o buraquinho na lei; é o segredinho; é a cunhazinha; é a palavrinha sussurrada; é o empurrãozinho; é o arranjinho e o desmanchozinho; é o respeitinho; é a saudadezinha de Salazar (esse Português maior, ou terei ouvido mal?). Sejam honestos.

Eu voto SIM. Porque sou a favor da vida; da vida vivida e decidida em consciência por cada um. Porque sou a favor de um Estado que recebe aqueles que dele precisam, que abre portas, que ouve, que respeita. Um Estado que não esconde e que não se esconde.

15 janeiro 2007

Wild is the wind


David Bowie está longe de ser dos meus cantores preferidos; é verdade que tem o fabuloso Space Oddity, mas também tem aquela coisa medonha chamada Dancing in the Street, a meias com Mick Jagger. No entanto, e por conta do seu aniversário na semana passada, acabei por me lembrar de uma interpretação notável que o senhor fez de Wild is the wind, incluída no álbum Station to Station, de 1976.

Wild is the wind foi originalmente composto para um filme com o mesmo nome (em 1956) e recuperado 10 anos mais tarde por Nina Simone. É nela (e por ela) que Bowie se inspira para esta versão.

P.S. Cat Power também o cantou (The Covers Record, 2000), ao piano, para quem preferir uma versão mais "negra".

04 janeiro 2007

Take you home


Provavelmente o nome Devastations diz pouco a muita gente, mas o facto é que esta banda Australiana já tocou para uma extensa minoria, na ZdB, em 2004. Agora, e ao cabo de todos uns dois-álbuns-dois, fizeram finalmente um vídeo para mostrar ao mundo (sim, limitaram-se a filmar-se aos solavancos dentro de um carro, mas também ninguém disse que só as grandes produções resultam em bons vídeos).

Quem ficar curioso poderá vê-los ao vivo (sai novidade quente e boa!) no próximo dia 19 de Fevereiro, no Santiago Alquimista. Antes disso, é espreitar o último Coal, (já) disponível na Fnac: aqueles que gostam de Stuart Staples vão encontrar algumas semelhanças de timbre, sobretudo nos temas mais soft.